“Porque eu?” Tudo na vida acontece por uma razão. Passamos boa parte da vida ouvindo isso, mas ainda continuo tentando entender os porquês. É realmente necessário passar por experiências terríveis para ter ótimos resultados? Diria eu que sim, depois de anos de experiências traumáticas ainda me tento buscar essa compreensão. É difícil aceitar os momentos, sendo que existem pessoas com uma “vidinha perfeita de novela das nove”. Com um começo mais ou menos e um fim estonteante. Mas, porque eu? Não diria que queria uma vida fácil, uma mais simples seria ótima. O corpo cansa e a mente sofre com a falta da compreensão, confesso que já pensei em desistir, aqui nunca foi meu lugar, talvez se eu fosse habitante de Marte daria certo. Eu sempre fui um desastre de pessoa, uma bagunça. Depois de assistir várias histórias de superações de pessoas que passaram pelo inferno e enxergaram a luz, eu vejo que minha história não é nada comparada com aquilo, mas aqui estou eu, estagnada, congelada no tempo. Nunca me achei muito esperta, útil. Eu olho no espelho e vejo um peso morto, ocupando o ar de um gênio com QI de 190, que não sei, encontraria a forma de evitar o câncer. Mas então vem aquela maldita frase “tudo acontece por uma razão”, e qual é a razão de que eu esteja aqui ainda? Tento encontrar o “porque” da minha história, e provavelmente nunca chegue à real conclusão. Por meio de experiências que a vida nos faz passar descobri que a linha entre a razão e a emoção é muito fina, e enquanto eu a percorria, eu me perdi. Meu corpo está aqui, escrevendo esse texto complexo, mas, minha alma, de fato, está em algum lugar bem longe daqui. Eu espero um dia encontrá-la e saber como é se sentir inteira, conhecer a sensação de ter uma razão pela qual viver. Eu estou tão cheia desse vazio, desse nada que me tornei. Das expectativas que nunca deram certo, das pessoas que me destruíram sem perceber, das noites que passei sozinha, dos porquês que eu tentei encontrar. É isso. Talvez eu tenha encontrado o-grande-porquê-da-minha-vida, talvez ele faça parte das coisas que eu sempre sonhei, mas nunca realizei, das coisas que eu quis ser e nunca fui, das coisas que eu sempre quis fazer, mas nunca tive coragem o suficiente. Ta aí. O motivo excepcional da minha existência é apenas querer e quase sempre não poder. E volto a repetir, eu não pertenço a este lugar. E deixarei de existir devagarinho, um pouco agora, um pouco amanhã eu irei desaparecendo, serei apenas alguém de coração oco da qual enlouqueceu em silêncio. E finalmente me tornarei pó, mas será muito mais do que fui a minha vida inteira, um nada. E isto, meu caro, é algo que o gênio de QI 190 nunca encontrara nos livros da escola.

Comentários